Pará é responsável por quase metade dos incêndios florestais na Amazônia, aponta Mapbiomas
20/11/2024
Foram cerca de 2,8 milhões de hectares atingidos pelo fogo, que destruiu cerca de dez vezes mais que o desmatamento entre janeiro e outubro. Área de mata no Acará sofre com queimadas
reprodução
O Pará foi responsável por 42% dos incêndios florestais na Amazônia entre janeiro e outubro deste ano. Foram cerca de 2,8 milhões de hectares queimados, segundo o Monitor do Fogo, do Mapbiomas.
Em toda a região amazônica, o fogo destruiu cerca de dez vezes mais que o desmatamento.
Os dados foram divulgados em Baku, no Azerbaijão, durante a Conferência das Partes sobre o Clima, a COP-29, da Organização das Nações Unidas (ONU).
"O dado revela o impacto da emergência climática, que provocou a seca severa, uma vez que o Pará foi um dos estados que mais reduziu o desmatamento no país", afirma Ane Alencar, diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).
Queimadas no Pará: chamas consomem áreas de vegetação e fumaça causa problema
A nível nacional no mês de outubro, a cada dez focos de queimada sete foram na Amazônia. No total, foram 6,7 milhões de hectares destruídos. Ou seja, 73% do fogo no país em outubro foi na região.
Pelo desmatamento, foram 650 mil hectares nos dez meses do ano, de acordo com o Sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O Mapbiomas aponta, ainda, que 64% de tudo que foi queimado ocorreu em áreas de vegetação nativa - as florestas representaram 45% do que foi destruído pelo fogo.
No mesmo período de 2023, os incêndios devastaram 717 mil hectares, ou seja, houve um aumento de 7,5 vezes em apenas um ano, segundo o estudo.
Os dados mostram o seguinte:
Incêndios consumiram 27,6 milhões de hectares em todo o Brasil;
55% das queimadas foi na Amazônia (15 milhões de hectares);
Áreas de pastagens representam 21% da área queimada (5,7 milhões de hectares)
Na Amazônia o aumento das queimadas foi de 58%.
Os municípios paraenses mais afetados pelas queimadas são:
São Félix do Xingu
Altamira
Novo Progresso
Ourilândia do Norte
Cumaru do Norte
Santana do Araguaia
Itaituba
Jacareacanga
Parauapebas
Santa Maria das Barreiras
MPF cobra medidas urgentes
No Pará, muitas queimadas possuem suspeitas de ilegalidade e atingem inclusive áreas de proteção ambiental, como Terras Indígenas e territórios de comunidades tradicionais.
O Ministério Público Federal (MPF) voltou na segunda-feira (18) a cobrar autoridades para adoção de medidas urgentes o combate às queimadas no estado.
O órgão afirma que, apesar das iniciativas anunciadas pelos governos estadual e federal para combater os megaincêndios, como o Plano Estadual de Ações para Estiagem, Queimadas e Incêndios Florestais e o projeto Prevfogo, "a realidade prática revela insuficiência na execução e coordenação das medidas propostas".
O que diz o governo
Sobre as áreas estaduais que sofrem com as queimadas, a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) informou que, em agosto, o Estado "decretou emergência ambiental, proibindo a utilização de fogo, inclusive para limpeza e manejo de áreas e instituiu o Plano Estadual de Ações de Combate à Estiagem, Queimadas e Incêndios Florestais (PAEINF 2024), ampliando o efetivo militar em 66% e promovendo medidas para o socorro, resgate e salvamento, combate a incêndios, recuperação de serviços essenciais, assistência e logística humanitária".
A Semas disse, também, que "agentes do Corpo de Bombeiros Militar atuam no combate às queimadas em todo o estado por meio da Operação Fênix, que reforça a atuação do estado em áreas prioritárias".
Ainda de acordo com a secretaria, "o Pará reduziu o desmatamento em 28,4% em 2024, segundo dados do sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), redução de 937 km², resultado direto das ações implementadas pela Força Estadual de Combate ao Desmatamento".
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